O conceito de letramentos vai além da simples decodificação da escrita, envolvendo práticas sociais e culturais relacionadas ao uso da linguagem em diferentes contextos. Diferente da alfabetização, que se restringe ao aprendizado da leitura e escrita, os letramentos abrangem múltiplos saberes aplicados no cotidiano de forma funcional e crítica.

Kleiman (2014) defende uma abordagem ampliada dos letramentos, incorporando os multiletramentos, que incluem diferentes sistemas semióticos (linguístico, visual, sonoro, espacial e gestual) nos textos multimodais contemporâneos. Assim, os letramentos não são neutros nem universais, mas fenômenos contextuais, diversos e ideológicos, adaptados às demandas sociais e tecnológicas de cada grupo.

Os letramentos se manifestam em diversas práticas, como a leitura de livros e jornais, a escrita de e-mails e postagens em redes sociais, a
interpretação de gráficos e a produção de vídeos e podcasts. Esse conceito permite repensar a dicotomia entre cultura oral e letrada, valorizando os conhecimentos e experiências dos sujeitos.

Com o avanço tecnológico e as novas formas de comunicação, estudar os letramentos torna-se essencial para aprimorar práticas pedagógicas e promover um ensino alinhado às necessidades dos alunos. O letramento digital, por exemplo, é fundamental para a navegação crítica no ambiente virtual, permitindo, entre outras possibilidades, uma análise reflexiva das informações veiculadas pelas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs).

As características dos letramentos incluem sua natureza social, histórica e situacional, sempre em evolução conforme as transformações culturais e tecnológicas. Dessa forma, o ensino e a aprendizagem dos letramentos devem considerar os contextos e repertórios dos sujeitos envolvidos. No cenário contemporâneo, marcado pela abundância de informações e pela diversidade de mídias, a compreensão dos letramentos é essencial para a formação de cidadãos críticos e engajados.

Para os educadores, o domínio dos letramentos favorece metodologias pedagógicas mais eficazes, conectadas à realidade dos alunos.Ao incorporar diferentes formas de letramento, os docentes tornam o ensino mais inclusivo, colaborativo e inovador, estimulando a autonomia e o protagonismo estudantil. Assim, investir no estudo dos letramentos possibilita uma abordagem pedagógica mais coerente com as demandas atuais.

A oferta de cursos voltados para os diversos tipos de letramento (digital, ambiental, matemático, de gênero, entre outros) é essencial para formar educadores mais críticos e capacitados. Essas formações não apenas qualificam o ensino, mas também contribuem para o desenvolvimento social e econômico, preparando cidadãos mais aptos a interpretar textos, gráficos e informações em diferentes mídias.

Com isso, os educadores ganham maior autonomia para enfrentar desafios da prática docente e do cotidiano, interpretando criticamente
fenômenos, notícias e fatos, além de tomar decisões mais fundamentadas. O estudo dos letramentos, portanto, não é apenas uma necessidade educacional, mas uma estratégia fundamental para a construção de uma sociedade mais reflexiva e participativa.